Os Princípios da Gestalt sobre a Organização Perceptual
Wertheimer apresentou os princípios de organização perceptual da escola de psicologia da Gestalt em um artigo publicado em 1923. Ele alegava que percebemos os objetos do mesmo modo que observamos o movimento aparente, como unidades completas e não como agrupamentos de sensações individuais. Esses princípios da Gestalt seriam as regras fundamentais por meio das quais organizamos nosso universo perceptual.
Uma premissa subjacente estabelece que a organização perceptual ocorre instantaneamente, sempre que percebemos diversos padrões ou formatos. As minúsculas partes do campo perceptual unem-se para formar estruturas distintas das originais. A organização perceptual é espontânea e inevitável, sempre que vemos ou ouvimos. Normalmente, não precisamos aprender a formar padrões, como afirmavam os associacionistas, embora algumas percepções de nível superior, como nomear os objetos, dependam da aprendizagem.
De acordo com a teoria da Gestalt, o cérebro é um sistema dinâmico em que todos os elementos ativos interagem em determinado momento. A área visual do cérebro não responde separadamente aos elementos individuais do estímulo visual, conectando-os mediante algum processo mecânico de associação. Ao contrário, os elementos similares, ou bem próximos, tendem a se combinar, e os elementos diferentes ou distantes, a não se combinar.
Listamos a seguir vários princípios de organização perceptual.
1. Proximidade
As partes bem próximas umas das outras no tempo e no espaço parecem unidas e tendem a ser percebidsa juntas. Percebemos círculos nas três colunas duplas e não apenas como um grande conjunto.
2. Continuidade
Há uma tendência de a nossa percepção seguir uma direção para conectar os elementos de modo que eles pareçam contínuos ou fluir em uma direção específica. A tendência é seguir as colunas com pequenos círculos de cima para baixo.
3. Semelhanças
As partes similares tendem a ser vistas juntas, formando um grupo. Os círculos e os pontos parecem juntos, e a tendência é perceber fileiras de círculos e de pontos em vez de colunas.
4. Preenchimento
Há uma tendência da nossa percepção em completar as figuras incompletas, de preencher as lacunas. É possível perceber formas com sentido, mesmo que as figuras estejam incompletas.
5. Simplicidade
Há uma tendência de vermos a figura como tendo boa qualidade sob as condições de estímulos; a psicologia da Gestalt chama essa característica de prägnanz ou boa forma. Uma boa Gestalt é simétrica, simples e estável, e não pode ser mais simples nem mais organizada. As imagens anteriores são boas Gestalt, porque são claramente percebidos como completos e organizados.
6. Figura/Fundo
Há uma tendência de organizar as percepções do objeto (figura) sendo visto e do fundo (base) sobre o qual ele aparece. A figura e a base são reversíveis; é possível ver dois rostos ou um vaso, dependendo de como a percepção é organizada.
Esses princípios de organização não dependem dos processos mentais superiores nem de experiências passadas, mas estão presentes nos próprios estímulos. Wertheimer chamou-os de Fatores Periféricos, reconhecendo tambem que os fatores centrais dentro do organismo influenciam a percepção.
SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen; HISTÓRIA DA PSICOLOGIA MODERNA. Ed.: Cengage Leraning. 8ªEdição, 2008.
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